No passado dia 27 de agosto celebrou-se o Dia do Corretor, aqui em Portugal, Agente Imobiliário.

É um dia que, em Portugal, começa a ter alguma expressão e no Brasil é já um dia muito festejado.

Para assinalar a data, este ano fui convidado pelo meu amigo Guilherme Carnicelli e pela eemovel para participar numa série de talks ao vivo no canal Youtube, e levei como tema de reflexão “que desafios para o corretor nos próximos meses e, diria eu, anos que aí vêm”.

Posso falar da realidade em Portugal e de outros países que acompanho como Espanha e Itália, mas depois de ter regressado recentemente do Brasil, onde estive em viagem mais de um mês por várias cidades, foquei-me na reflexão sobre a realidade deste país, nas semelhanças com os nossos desafios e nos mais de 1.250 corretores no total que estavam a assistir conseguindo individualizar três desafios comuns:

Abraçar a evolução tecnológica

Não há hipótese, é irreversível, a tecnologia veio para ficar, evoluir e mudar o mercado, e quem está mal que se mude. Agora, será necessário referir que a tecnologia é relevante, é útil e tem como missão tornar o nosso negócio mais transparente, mais fácil, mais próximo e mais rápido. Por isso, os profissionais da área não devem ter receio, não devem ignorar, nem desvalorizar, devem sim focar-se em como a podem conhecer melhor, para melhor a incorporar no seu negócio. Isto sem receio que a tecnologia venha ocupar o seu espaço, a não ser que a sua intervenção no processo da transação não aporte qualquer tipo de valor para os seus clientes, sejam eles compradores ou vendedores.

A chave deste desafio será a sua capacidade de fidelização, já que a tecnologia caminha para um processo de automatização da transação, com transparência de todo o processo e informação para permitir que os consumidores possam tender para transacionar os seus imóveis sem intervenção da mediação. Se trabalhar em regime aberto, este será o seu grande desafio. Se trabalhar em exclusivo, terá já a vantagem de saber como aportar valor e apenas terá de se focar em aumentar a relevância do seu serviço para quem não esteja disposto a despender tempo no processo, ou para quem não queira lidar com processos complexos sem um nível de conhecimento que os deixe confortáveis ou seguros.

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Adotar definitivamente mentalidade de empresário

Já não restam dúvidas, todos os sistemas e modelos dirigidos à atividade do agente imobiliário estão pensados para que o profissional seja um microempresário e um verdadeiro dono do seu negócio. O desafio principal será o de encarnar na mentalidade de empresário como a única possível nesta área e não pensar mais como empregado. Mais do que se focar apenas na venda, terá de pensar em gerir a sua marca como uma verdadeira empresa apostando em novas competências como branding, marketing pessoal, gestão financeira, gestão fiscal, direito, entre outras. Mais, se quiser crescer aumentando a sua faturação e o seu negócio, tem de apostar em perceber mais sobre pessoas e liderança pois a próxima mudança será a de constituir equipa.

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Lutar contra o próprio ego

“Quanto maior o conhecimento, menor o ego, quanto maior o ego, menor o conhecimento”. Já Albert Einstein sabia que a gestão do ego era um dos grandes desafios. Os modelos dos anos 70 trazidos pelas marcas norte-americanas trouxeram a figura dos Super Agentes de mediação, os Top Producers que vendem bem e que, por isso, acham que sabem tudo, conseguem tudo e podem tudo, esquecendo-se de dois pontos fundamentais para a profissão: primeiro, a humildade, e segundo, a capacidade de entender o conceito da vulnerabilidade.

Acredito que, por vezes, ter os pés bem assentes na terra pode ser difícil em situações em que temos uma rápida ascensão, mas é sem dúvida uma ótima característica para ser respeitado, admirado e continuar a ter as portas abertas para todas as oportunidades que lhe possam trazer resultados extraordinários.

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