Abordamos muitas vezes a importância de se ter ou criar uma carteira de investimento diversificada e equilibrada. Este é um dos pontos fundamentais. Ninguém sabe tudo e não existem gurus nos mercados financeiros. Se existissem, ninguém teria de trabalhar!

Também não existem soluções únicas para se atingirem objetivos. O caminho que cada um de nós deve seguir tem de ser o reflexo do conhecimento que vamos adquirindo, dos objetivos que pretendemos alcançar e do grau de conforto que cada decisão de investimento nos proporciona.

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As diferentes variáveis

Numa fase inicial e durante o nosso percurso no mundo dos investimentos, existem algumas variáveis que devemos acompanhar de uma forma sistemática. Antes de as abordar, reforço a importância de sabermos o que temos em carteira ou onde estamos investidos. Este pequeno pormenor poderá fazer a diferença na forma como gerimos as nossas poupanças.

Porquê? Pelo simples motivo de que se soubermos onde estamos a investir iremos ter a preocupação de acompanhar os acontecimentos que têm ou podem ter influência na nossa carteira. Desta forma, acompanhamos a evolução de uma forma próxima o que nos permitirá de uma forma muito constante, validar ou não os nossos pressupostos de investimento.

Conforme mencionei anteriormente ninguém sabe tudo e por muita informação que possamos obter, não vamos ter a capacidade de tomar decisões 100% corretas ou que corram sempre bem. A validação da nossa tese de investimento terá um papel fundamental ao longo do caminho que iremos percorrer no fascinante mundo dos investimentos.

Voltando às variáveis, quando construímos uma carteira analisamos alguns pontos determinantes. O horizonte temporal do nosso investimento ou o risco que pretendemos assumir são dois dados importantes e que estão interligados. Quanto maior o horizonte temporal, maior será a tolerância ao risco.

A diversificação da carteira é outros dos focos que deve estar na base da definição de um portefólio. A diversificação tem duas formas distintas de ser analisada: diversificação geográfica e diversificação de ativos de risco.

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Diversificação geográfica

Para termos uma carteira equilibrada, devemos procurar ter uma exposição o mais abrangente possível. Analisando os mercados financeiros, rapidamente chegamos a uma conclusão: os EUA é o país que tem uma maior liquidez e dinâmica nos mercados financeiros, o que acaba por conferir uma maior confiança aos seus investidores.

Como nos investimentos tudo tem influência e tudo deve ser analisado, existe aqui uma questão importante: se eu viver na Europa a minha moeda são euros, então se investir em ativos americanos (ações ou obrigações) vou também estar exposto ao risco cambial? Sim, efetivamente esta é uma realidade com a qual nos devemos preocupar.

Sem dúvida que os EUA é um mercado muito aliciante, como pode ser o Reino Unido ou os países emergentes, contudo, quem pensar em investir nestes mercados terá de ter atenção a dois pontos fundamentais. O primeiro (e que é válido em todas as situações) é a qualidade dos ativos em causa, a sua valorização e potencial de crescimento.

O segundo ponto que vai influenciar a performance das nossas escolhas é a variação cambial associada. Ou seja, quando formos constituir uma carteira, e caso pretendamos que tenha uma exposição global, devemos estar atentos à moeda em que o ativo está a transacionar. Se for numa moeda diferente da nossa temos de estar atentos a duas variáveis: cambial e qualidade do ativo.

A incerteza do câmbio

Como se analisa a questão cambial? Não existe um guia ou um livro que nos dê uma resposta concreta, até porque a valorização ou desvalorização das moedas depende de muitos fatores que não se controlam e que rapidamente se podem alterar.

Assim, o fator que tem maior influência na valorização ou desvalorização de uma moeda são as políticas monetárias dos respetivos bancos centrais. Contudo, os bancos centrais definem as suas políticas em função da evolução das respetivas economias. Para tornar tudo isto mais complexo, temos os agentes políticos, que anunciam medidas que podem ter influência nas suas economias internas ou na economia internacional. O maior exemplo é Donald Trump que está constantemente a anunciar medidas internas e externas o que torna a missão dos bancos centrais muito mais complicada.

Por muito previsível que possa parecer, a forma como as diferentes moedas dos diferentes países se vão comportar é muito difícil de prever. Isto faz com que quem queira investir em ativos diferentes da sua moeda original tenha um risco adicional. Para que tudo faça sentido, é importante ter uma carteira que se complemente e que tenha ativos que se conjuguem.

Existem formas de anular a valorização ou desvalorização cambial, embora a maior parte dos investidores não tenha capacidade para o fazer. De uma forma concreta, o ideal é escolher bons ativos que sejam diversificados.

Antes da tomada de decisão final, será importante analisar quais as percentagens do portefólio que estão expostas a outras moedas. Se a exposição for muito grande, pode fazer sentido modificar algumas posições para reduzir esse risco. Por outro lado, se a exposição for confortável, damos o passo de investir, sabendo que alguns dos ativos que compõe o nosso portefólio têm dois riscos associados e que podem anular, potenciar ou prejudicar a performance da nossa carteira de investimento.

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